NÃO!
Tenho mesmo a certeza de que não.
Se fossemos eu seria uma pessoínha horrível.
Uma mulher fria, seca e mal-amada.
Uma mãe distante e desligada.
Uma amiga que ninguém quereria ter.
E felizmente não sou.
Às vezes quando estou a ver alguns programas na televisão em que as pessoas se desculpam das suas atitudes com os maus tratos da infância e a falta de carinho que tiveram, apetece-me imenso abaná-las até lhes cairem os dentes.
A sério?
Nunca tiveram amor e por isso também não o têm para dar?
Não me venham com tretas.
Faz parte do nosso percurso como seres humanos crescer e melhorar.
Esta gente nunca ouviu dizer que o que não nos mata nos torna mais fortes?
Então só porque nos maltrataram também temos que maltratar?
Porquê? Para nos vingarmos? De quem nos maltratou ou de quem sofre com os nossos maus tratos?
Era bonito eu agora começar a massacrar as minhas filhas só porque me massacraram a mim.
Lembro-me muitas vezes de uma frase que me dizia a minha mãe na infância:
- Quando fores mãe vais perceber...
Já fui mãe há quase vinte anos e cada vez percebo menos as atitudes dela.
Porque antes de ser mãe já amava as minhas filhas e o meu propósito enquanto mãe é que elas sejam felizes.
Que sejam mulheres justas, equilibradas, responsáveis, bem formadas. E acima de tudo que respeitem os outros. Que não pisem ninguém para atingir os seus objectivos.
E tenho um propósito mais secreto.
Quero que quando falem de mim, tenham orgulho de serem minhas filhas.
Que me considerem a melhor mãe que poderiam ter tido. Que me respeitem sempre.
E que quando forem mães o seu papel junto dos filhos me tenham como modelo.
Quero ser um MODELO para as minhas filhas.
Quero que continuem as tradições de Natal, Páscoa, aniversários e todas as outras que são nossas e que começaram comigo e com elas.
Quero que se lembrem de mim quando embrulharem os presentes de Natal todos iguais, para a árvore de Natal ficar bonita.
Quero que se lembrem de mim quando decidirem que o amarelo é a cor que combina mais com a Páscoa.
Quero que se lembrem de mim quando fizerem os bolos de aniversários dos filhos. E lhes planearem as festas.
Quero que se lembrem de mim quando os obrigarem a vestir-se de uma cor que combine com a decoração de Natal desse ano.
Quero que se lembrem de mim como uma pessoa importante na vida delas e que, mesmo depois de já não estar fisicamente, continue a ser recordada com carinho.
As minhas filhas são o meu orgulho.
Um orgulho muito grande.
Somos uma equipa, um trio unido. Discutimos, ralhamos, mas estamos sempre lá umas para as outras.
Espero que para sempre.
Com elas, com o meu chatinho, a filha dele e a gata, construí um mundo que me protege de tudo.
Tenho uma família, que pode não ser típica, mas que é a que eu escolhi.
A que eu amo e que me ama incondicionalmente.
A minha família!
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