sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Revistas Banquete

A maior parte nem deve saber do que eu estou a falar.
Quando eu era miúda, mas mesmo muito miúda, ainda nem tinham inventado a internet, as receitas vinham em revistas. E nem eram revistas bonitas como as de agora, com fotografias fantásticas, papel de boa qualidade, etc.
Só mais tarde apareceu a Teleculinária que já era assim uma coisa muito sofisticada.
A revista Banquete foi a minha primeira revista de culinária. Era feita sob a direcção culinária da Maria de Lourdes Modesto, que ainda está ligada à cozinha e que tem inúmeros livros publicados e que são óptimos, posso garantir.
O meu pai trabalhava na antiga Cidla (que depois foi uma das empresas que integrou a Galp - bolas sou mesmo antiga), e trazia para casa a Banquete.
Eu sempre fui uma miúda curiosa. Mesmo muito curiosa. E atrevida. E destemida.
Por isso comecei a cozinhar com a Banquete. Afinal eles tinham uma secção que se chamava "Cozinha para Principiantes" e que ensinava o b-a-bá das coisas.
Isto tudo se passou para aí no inicio da década de 70. Imaginem!
Há uns meses atrás fomos, eu o meu "chatinho", a convite de um amigo muito querido, espreitar os livros que o pai lhe havia deixado.
Entre esses livros, todos fantásticos, estavam três volumes encadernados da revista Banquete.
Eu, que sou uma coisinha sensível, juro que fiquei comovida.
As minhas perderam-se nos tempos e sucessivas mudanças de casa. E tenho-me lembrado muitas vezes delas.
E sem esperar voltei a encontrá-las. Foi um momento muito bom para mim.
Ao folheá-las vi as primeiras receitas que me aventurei a fazer. As boas e as más experiências culinárias.
Lembro-me particularmente de um bacalhau com molho branco, que não correu nada bem. Enganei-me na medida do leite para o molho e ficou demasiado liquido. Não houve forno que secasse o bacalhau.
E lembro-me do meu pai (esquisito com a comida como tudo), que, sem querer ferir o meu orgulho de cozinheira, só dizia: "Não está nada mau. Pena não estar mais sequinho!"
Note-se que o meu pai, como eu e toda a familia, é alentejano. Nós ensopamos tudo com pão.
Ainda hoje tenho presente o esforço dele para não me desanimar em relação à cozinha.
E ainda hoje me sinto agradecida por isso.
Entretanto já aprendi a fazer molho branco. Felizmente.
Até à próxima.

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