sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Chocolate

Pronto, eu confesso.
Eu não como chocolate.
Não, não estou a fazer dieta. Só não gosto, pronto.
Quando era pequena devia ser a única criança que deixava os chocolates estragarem-se no armário.
Acho o chocolate uma coisa nojenta.
Que me desculpem os chocodependentes.
Claro que quando fui mãe tive que abrir um bocadinho os meus horizontes. Afinal as miúdas não têm culpa de ter uma mãe tão estranha. (Isto é uma definição delas, não minha).
Mas de certa forma até concordo.
E já me chamaram coisas piores.
Esta coisa do chocolate já me trouxe alguns dissabores.
Tenho uma história:
Estão a ver aqueles jantares, mais formais, em que não conhecemos bem os donos da casa? E em que anda um empregado de casaquinho branco e guardanapo no braço, a servir à mesa?
Sim, ainda há pessoas assim, o que é óptimo. Tenho que dizer que eu própria não me importava de ter um cá em casa. Havia de me dar um jeitão.
Num desses jantares, quando começaram a servir a sobremesa, eu ia desmaiando.
"Souflé de chocolate!"
E não havia maneira de escapar. A dona da casa, muito simpática:
- Vai adorar. Tenho a certeza.
E eu a ficar pálida.
E o meu "chatinho" a rir-se do outro lado da mesa. A rir-se discretamente, mas ainda assim... a rir-se. Quando devia estar a sofrer comigo. E a entrar em pânico. Como eu!!
Enfim, lá me apresentaram o souflé.
E ficaram a olhar para mim na expectativa da minha prezada opinião.
E eu absolutamente em pânico.
Tive que ser muito corajosa e levar um pedacinho muito delicado do dito cujo à boca. E rezar.
Ah pois é, quando é preciso até eu...
Enfim, fiz o meu melhor sorriso, (dentro das circunstâncias), lá consegui fazer de conta que estava a apreciar, (sou uma grande actriz), e no fim dizer que estava maravilhoso.
E devia estar.
Nesse dia descobri que os souflés podem ser muito úteis nestas situações. É que bem mexidinhos desfazem-se e desaparecem do pratinho sem deixar marca. Por isso e com recurso a algum jeito lá consegui não engolir nem mais um bocadinho.
Imaginem que era mousse. Estava tramada. Mesmo muito.
Mas isso não acontecia. Sabem porquê?
As pessoas finas só servem mousses assim de manga, ou camarão ou coisas do género. E felizmente eu dessas, até sou rapariga para pedir bis.
Tenho outras histórias de chocolates. Mas ficam para o próximo post.
Bom fim de semana.

Revistas Banquete

A maior parte nem deve saber do que eu estou a falar.
Quando eu era miúda, mas mesmo muito miúda, ainda nem tinham inventado a internet, as receitas vinham em revistas. E nem eram revistas bonitas como as de agora, com fotografias fantásticas, papel de boa qualidade, etc.
Só mais tarde apareceu a Teleculinária que já era assim uma coisa muito sofisticada.
A revista Banquete foi a minha primeira revista de culinária. Era feita sob a direcção culinária da Maria de Lourdes Modesto, que ainda está ligada à cozinha e que tem inúmeros livros publicados e que são óptimos, posso garantir.
O meu pai trabalhava na antiga Cidla (que depois foi uma das empresas que integrou a Galp - bolas sou mesmo antiga), e trazia para casa a Banquete.
Eu sempre fui uma miúda curiosa. Mesmo muito curiosa. E atrevida. E destemida.
Por isso comecei a cozinhar com a Banquete. Afinal eles tinham uma secção que se chamava "Cozinha para Principiantes" e que ensinava o b-a-bá das coisas.
Isto tudo se passou para aí no inicio da década de 70. Imaginem!
Há uns meses atrás fomos, eu o meu "chatinho", a convite de um amigo muito querido, espreitar os livros que o pai lhe havia deixado.
Entre esses livros, todos fantásticos, estavam três volumes encadernados da revista Banquete.
Eu, que sou uma coisinha sensível, juro que fiquei comovida.
As minhas perderam-se nos tempos e sucessivas mudanças de casa. E tenho-me lembrado muitas vezes delas.
E sem esperar voltei a encontrá-las. Foi um momento muito bom para mim.
Ao folheá-las vi as primeiras receitas que me aventurei a fazer. As boas e as más experiências culinárias.
Lembro-me particularmente de um bacalhau com molho branco, que não correu nada bem. Enganei-me na medida do leite para o molho e ficou demasiado liquido. Não houve forno que secasse o bacalhau.
E lembro-me do meu pai (esquisito com a comida como tudo), que, sem querer ferir o meu orgulho de cozinheira, só dizia: "Não está nada mau. Pena não estar mais sequinho!"
Note-se que o meu pai, como eu e toda a familia, é alentejano. Nós ensopamos tudo com pão.
Ainda hoje tenho presente o esforço dele para não me desanimar em relação à cozinha.
E ainda hoje me sinto agradecida por isso.
Entretanto já aprendi a fazer molho branco. Felizmente.
Até à próxima.

About Me and the World Around

Como toda a gente tenho sempre imensas teorias sobre as mais variadas coisas que vão acontecendo à minha volta.
Às vezes não tenho é com quem as partilhar.
Não comecem já a pensar que sou uma "pessoínha" amarga e solitária.
Sou muito bem resolvida, tenho marido, 2 filhas e uma gata. Esta última é aliás uma peça muito importante e objecto de inúmeras teorias.
O problema é que as minhas teorias às vezes são um bocadinho polémicas e as minhas filhas sairam à mãezinha e contestam tudo.
Por isso pensei: "O melhor é passar as minhas teorias mais em silêncio".
E aqui estou eu.
Divirtam-se e... contestem!!!